segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Eu Sou O Calo Nos Pés Do Jack.



Bem, Carnaval...Esse é o tema, esse ano de 2010 resolvi fazer diferente, depois de 20 anos tendo esse feriado como um tempo para dormir e nerdar, decidi que era hora de mudar, o país dá um break nessa época do ano e, movido pela curiosidade, resolvi fazer uma experiência/pesquisa "In Loco" dessa que é conhecida como a festa mais profana de todas.


*Infraestrutura

Bem, usemos de liberdade criativa com esse título apenas para discorrermos sobre alguns pontos:

Segurança: Tava legal, tinham duzentos mil policiais e os "pintas" tavam sem criatividade, Natal tá tendo picos de 31ºC, você tá num carnaval e vê um grupo de 4 caras com moletom, eles devem ter um 0.38 ali dentro porque no calor que tá, foda-se o estilo, não tem como!

Carros de som: Eram mesmo "carros de som" digo, literalmente, não figurativamente, era um carro com uma parede de caixas tocando em um volume destruidor, eu que sou acostumado com barulho alto me senti encomodado, não sei se era a falta de Drive ou o que tanto, mas me encomodou e chegou a doer.


Vestimentas (levando em consideração o folião comum não fantasiado) : Ó, camiseta regata, bermuda e eu querendo ficar nú por causa do calor, sabe aquele tênis Nike que uma tia sua te deu que parece mais ou menos com isso:

Então, essa é a hora pra você usar seu "U.S.S. Nike Shox", vai por mim, você vai precisar, chinelo de dedo é legal mas vão pisar no seu pé, All-Star não é tênis, você pisa numa moeda e sabe o valor, é AQUELE momendo pra usar o Nike feio com quatrocentos mil e quinhentos e cinquenta e três amortecedores que fazem com que você pense que está pisando em nuvens de algodão doce caramelizadas com mel de abelhas turcas, meus pés estão doloridos e eu fui com um tênis que (até umas 12hrs) eu acho convortável.



*Acasalamento

Vou agora usar um trecho de uma música do rei do rock, Elvis Presley:

"A little less conversation, a little more action please"

Na verdade esse trecho de "A Little Less Conversation" traduz tudo, ó, você não vai encontrar algo muito substancial em termos de afetividade, no máximo você vai ter um "super-mega-hiper-fast relationshipex", é como se o "retorno do relacionamento" das seis horas fosse estendido até a quarta-feira de cinzas em qualquer horário, geralmente rola aqueles pegas no meio da folia que é um dos maiores distribuidores de Herpes, não existe tempo para você conversar, saber se ela curte montanha ou praia, se ela curte cães ou gatos, você chega e se joga, se rolar ela vai corresponder positivamente, se não você leva um fora e faz o mesmo com a amiga dela (geralmente "foras" são grupais, se uma não te quis, as amigas dela também não vão, mas é geralmente, não sempre), uma coisa importante é que seus padrões de beleza caem 2,5 pontos no carnaval, Exemplo:

Garota A

Dias comuns: nota 8
Carnaval : nota 10,5 (Como as notas vão de 0 a 10 ela passa a virar uma Deusa, Anja, algo surreal e indescritível, ela faz você pirar com um olhar 23)

Garota B

Dias comuns : nota 4,8
Carnaval : nota 7,3 ( nos dias comuns ela é a mina que quando você está bêbado você vê uma beleza, no carnaval ela é irada até quando você tá sóbrio)

Garota C

Dias Comuns: nota 5,5
Carnaval: nota 8 ( nos dias comuns ela é a mina que "arrumada fica legal", conhecida também como "feinha", no carnaval ela é ÓTIMA, também conhecida como "pegofácil!" ou "beijomeliga")

Nesse habitat selvagem é bem fácil de se ver a fêmea alpha, aquela que os machos tentam cortejar, ela sempre fica em grupos onde vários machos tentam se aproximar, alguns com papinhos e outros com atitudes, quando ela acha o seu macho alpha, a leoa...garota fixa suas presas e começam a se beijar de forma estranhamente sensual, ou seja, se você tem uma filha de 15 anos é melhor pegar ela fazendo sexo com o namorado na sua casa do que ela se beijando com alguém no carnaval, é estranho, babado e ás vezes beira a nojeira.


*Música

Aqui o que vale é a batida e a ginga, você vai ouvir cerca de umas três horas a mesma bateria e os mesmos acordes apenas com refrões (de uma palavra sendo repetida) diferentes, aqui vale tudo "esfrega a xana no asfalto", "bob esponja" entre outros petardos da música de massa brasileira.

Diverte? ÓBVIO, aqui a intenção não é que a letra passe alguma mensagem positiva, algumas nem mensagem possuem, apenas junções de palavras/sílabas e até mesmo neologismos que soem engraçados/possam ser usado com cunho sexual, o que vale é que todos dancem e que seus hormônios sejam jogados no ar.

Um problema que é causado por essa exposição a músicas sobre motinhas e asfaltos é que algo vai grudar no seu cérebro igual a chiclete no tênis, é chato de tirar e até mesmo quando você tira fica meio preguento, não se preocure, depois de uma época em quarentena você tá quase curado, ou seja, na semana santa tá de boa!

Parágrafo único: Se por acaso você é aquele muleque chato de 13 anos (que eu já fuuuui) que curte um punhado de bandas de punk/hardcore, decide ir de all-star e camiseta do ramones para essa muvuca, faça um favor, fica em casa e enfia um vinil na cabeça, se for pra você ir e passar a noite toda reclamando do som, não vá, ninguém quer um puta-reclamão enchendo o saco, quer ir? vá, dance, paquere, beba e vomite na sua roupa, qualquer coisa que de uma forma catártica te libere de tudo o que você faz no seu dia-a-dia, vale tudo, você não vai ser "menos roqueiro" (se é que isso existe) se acabar caindo na folia.


*Vestimenta

Saí no bloco das virgens para saber qual era a real da coisa, peruca loira, peitos fatos e em 5 minutos eu era Amelinha (a neta de Amélia, aquela que era mulher de verdade, saca? Que achava bonito não ter o que comer?), junto com as companheiras Peepewee e Jomara, ela sacou qual a idéia dessa festa que em vários locais do nosso Brasil varonil é comemorada na segunda de carnaval e a resposta é: Diversão, pegue todos os clichês das mulheres e na real, 90% dos caras não saem de mulher, eles saem de travecos, é uma mini-parada gay, só que aqui a maioria não dá a bunda, todas são safadas e estereotipadas de uma forma engraçadérrima, é um momento em que os homens dançam e fazem trejeitos que normalmente a sociedade vê como algo errado, a grosso modo, todos soltam sua bicha interior e mostram como uma sociedade liberada sexualmente seria mais divertida.

Nunca tinha ouvido tanto mulher falar "ter um pau é legal!", sei...vocês acham isso né? tá! vou fingir que acredito em vocês, vocês falam isso mas vocês só acham legal o fato de mijar em pé, tirando isso soltam agruras sobre formatos, "consistências" e outras coisas, e outra coisa, ter peitos grandes é legal, dá pra segurar uma garrafa de água ou uma latinha ou um copo, sutien encomoda e Deus, brigado por me fazer nascer homem.

Uma coisa realmente estranha e engraçada que ocorre é quando casais , usando tais vestimentas, se pegam, é o contrário, temos mulheres estranhas beijando homens femininos, outra coisa, pra acabar, mulhere de boné pra mim é frentista, mas no carnaval tá de boa.






Bem, o comportamento humano nessa festa pagã ás vezes beira o selvagerismo, se olharmos no patamar sexual, acaba que a intenção é de uma diversão frenética e sem compromissos, é uma semana pra se soltar porque na outra segunda tudo volta ao normal e Amélia da segunda, volta a ser o estudante de jornalimo, a Jomara volta a ser um fotógrafo/estudante de rádio e tv, o Mauro volta a ser a estudante de enfermagem e assim por diante, é mesmo um momento pra você cair na gandaia (arghhh, odeio esse termo) e se divertir, beber e vomitar em alguém, usar todas as cantadas de pedreiro que você leu na internet, cantar todas as músicas que no resto do ano você vai falar "caralho, que coisa ridícula, como alguém gosta disso?", dançar de forma tosca pra tentar parecer vulgar pra que a mina do lado comece a rir e você possa puxar um papo e gritar a música do Axêgo se dizendo o putão brasileiro!

Se pá, próximo ano vou fazer essa pesquisa em Olinda, não é lá o dito melho carnaval do Brasil?




2 comentários:

Amandie disse...

PQP MUITO BOM!!!
vou imprimir esse post e colar na parede do meu quarto pô, DUHASHDUASHUDSHUDASHUHUDSAHUDASHUS
descreveu com precisão essa porra de festa sem nexo nenhum...
ainda dá tempo de vc vir pra cidade pra chamada carnavalesca do rock e tentar apagar essa experiência grotesca da memória D:

Ana Celina disse...

Acho mesmo que vc deveria ir fazer essa pesquisa em Olinda ano que vem,se quiser te dou a maior força.Bom demais que vc se interessa por antropologia,tá no DNA.Ótimo post!